Há muito, algumas correntes místico-filosóficas utilizam a lembrança da morte como instrumento de  preparo para a meditação. Quer saber como isso funcionaria? Este texto pretende responder. 

Meditar envolve pausa, quietude e introspecção. Costumo lembrar que vivemos em uma cultura onde  parece que “parar é perder”. No entanto, os meditadores vêm mostrando que, por alguns minutos diários,  poderíamos dizer que “parar é crescer”. Mas, como parar para meditar? Algumas pessoas não conseguem  parar sequer para conversar. Já atendi clientes que falavam comigo de pé, ou então sentando e levantando  repetidamente. Quando eu lhes pedia para sentar e se aquietar, para que conversássemos calmamente, eles  respondiam: “Impossível!”. 

Você, amigo leitor, deve estar se perguntando como, então, podemos fazer meditar alguém assim tão  agitado? E se este for o seu caso, deve estar se perguntando “como eu poderia parar para meditar”? 

Na verdade, para isso, existem alguns artifícios. Um deles começa pela indicação de atividades que  aumentem a percepção corporal, tal como dança ou massagem. Outro truque, para pessoas mais  espiritualizadas, consiste na leitura de um texto de cunho espiritual antes de meditar, para  (mas nunca meditar pensando naquele texto). Um terceiro utiliza algum tipo de atividade física (ex: longa  caminhada) antes da meditação, para que a mente já esteja parcialmente relaxada pelas substâncias que são  liberadas durante o exercício, e se possa começar a meditar imediatamente depois. Um quarto recurso  apela para a mais acentuada das idéias: a lembrança da morte; e este é o nosso tema de hoje. 

Um dos grupos que utilizavam este recurso eram monges tibetanos, que antecediam algumas práticas  meditativas com a lembrança da morte. Isso pode ser feito através do discurso do instrutor, da leitura de  um texto relativo ao assunto ou simplesmente pela orientação para que se pense sobre a morte – e apenas  sobre ela – por alguns poucos minutos. 

De fato, é impressionante o efeito que esse pensamento tem sobre nós. Afinal a lembrança da morte é uma  das ideações mais viscerais de um ser humano. Lembrar a morte faz parar e pensar, nos deixa mais quietos,  e traz consigo a introspecção, exatamente os três requisitos necessários para começar uma boa sessão  meditativa. 

Alguns chegam a dizer que, no fundo, a meditação é uma espécie de morte. Morre-se por alguns minutos,  para que se viva melhor em seguida. De fato, ao se preparar para meditar, o praticante deve entender que,  nos próximos minutos, não importa o que aconteça, o mundo terá que passar sem ele, como se ele estivesse  morto e tudo tivesse que continuar sem sua presença. Na morte, nada mais é importante; nada mais é  urgente; nada mais é preocupante; chega o nada, o vazio, e tudo fica para trás. Na meditação, também se  deixa tudo para trás. Através da técnica meditativa, reduz-se o envolvimento com a corrente de  pensamentos; em outras palavras, deixa-se a vida que se vive nos pensamentos. Viver-se-á, aí, apenas a  vida que vem depois do vazio, uma vida de pura existência; mas isso já é outra conversa… 

Encontrei um escrito que fala sobre a morte, atribuído à minha amiga A. Racily  (racily.cursos@yahoo.com.br), no seguinte link:

http://blogdaafa.blogspot.com/2008/08/vale-pena-repetir.html 

Faça, junto comigo, esta leitura, e veja como um texto assim nos prepara para o exercício meditativo: 

“A morte é o nosso melhor mestre espiritual. Ela nos ensina a viver, quando chega sem aviso e desafia nossos apegos.  Ela nos revela a verdade sobre a impermanência e o limite do nosso livre-arbítrio. Amedronta, mas ao mesmo tempo  acorda. É o melhor espelho para definir prioridades e o melhor antídoto para reduzir egos exacerbados ao seu tamanho  normal. Tem gente que diz que só quer saber da vida e não da morte. Qual é a diferença? Viver é caminhar para a  morte! Então ela faz parte da vida. Fugir da realidade da morte é entorpecer a vida com ilusões insanas e perder tempo  com o que nunca vai preencher. Encarar a realidade da morte é encontrar urgência de viver. É saber aproveitar o  momento e não adiar mais o que é importante e precisa ser feito. É sair do torpor maquinal do dia a dia e parar para  sentir-se. É transformar o medo em aventura e começar a fazer perguntas sábias e ousadas. É procurar saber quem  você realmente é e esperar encontrar as respostas no silêncio. E a partir daí, cair na real e viver intensamente.” 

by Roberto Cardoso

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