Iremos abordar aquele que é, ao mesmo tempo, o último item preparatório, e o primeiro passo de uma técnica meditativa: o método para respirar. As informações que apresentaremos, hoje, estão disponíveis no nosso livro “Medicina e Meditação” (MG Editores), que pode ser visto:

Medicina e meditação
Médico há mais de vinte anos e meditador há mais tempo ainda, o autor mostra com precisão várias técnicas de meditação e os seus benefícios para a saúde. Sem qualquer orientação religiosa, filosófica ou moral, trata-se de uma obra para ler, aprender e praticar. Edição revista, atualizada e ampliada.
Costumo levar a respiração tão a sério que, em meus seminários sobre meditação, reservo um grande percentual do tempo para treinar os alunos em uma respiração adequada. Embora uma técnica respiratória não seja sinônima de técnica de meditação, tenho percebido (dados ainda não publicados) que o progresso do meditador, que usa simultaneamente uma técnica de respiração, é quase quatro vezes mais rápido do que quando o instrutor apenas ensina a técnica de meditação, sem se preocupar com a respiração do aprendiz. Por isso, aqui, estamos antes falando sobre o modo de respirar durante a técnica meditativa.
O modelo respiratório que recomendamos consiste em uma variação daquilo que os iogues chamam de “respiração abdominal”, ou o que os terapeutas comportamentais chamam de “respiração diafragmática”. Essa respiração tem, basicamente, cinco segredos: ela deve ser (1) abdominal, (2) nasal, (3) silenciosa, (4) harmônica e (5) o mais lenta possível. Vamos entender melhor, abaixo, item por item.
Abdominal. Ao inspirar, distenda suavemente o abdome, fazendo o umbigo movimentar-se para frente. Ao expirar, contraia suavemente o abdome, trazendo o umbigo para dentro. Faça isso com suavidade, sem forçar muito a parede do abdome, para não lhe incomodar. Se preferir, pode manter a palma de uma das mãos sobre o umbigo, para sentir sua movimentação. Em caso de grande dificuldade, inicie a técnica expirando e, ao mesmo tempo, empurrando o umbigo para dentro com a mão que estiver sobre o abdome.
Nasal. Tanto a inspiração quanto a expiração devem acontecer pelo nariz. Em casos de dificuldades importantes (ex: obstrução nasal por rinite), pode-se deixar, a boca, discretamente entreaberta, mantendo se apenas uma pequena fresta, para auxiliar a respiração nasal (como quando se segura um palito de picolé entre os dentes).
Silenciosa. O ato de respirar não deve ser ruidoso. Costumo dizer que, se houver outro praticante, também respirando, há cerca de 2 metros de distância, ele não deverá ser perturbado pelo ruído da sua respiração.
Harmônica. Essa harmonia deve existir, tanto do ponto de vista temporal quanto sob o aspecto emocional. O tempo de inspiração e o tempo de expiração devem ser exatamente iguais. Além disso, estabeleça uma relação harmoniosa com o ar que respira; evite brigar com ele. Aceite o ar que entra no corpo, como se ele entrasse em seu corpo fazendo um carinho. Aceite o ar que sai do corpo, como se ele partisse livre, sem resistência.
Lenta (o mais possível). Aos poucos, vá tentando respirar cada vez mais lentamente, até chegar ao ritmo mais lento possível, mas sem causar desconforto. Caso ocorra uma sensação de “falta de ar”, ou outro tipo de desconforto, acelere discretamente o ritmo respiratório, apenas o suficiente para evitar o mal-estar.
Pratique, uma ou duas vezes por dia, por 10 minutos. Sugiro que este seja o seu exercício preparatório para a meditação, nestas próximas 2 semanas. Logo, você perceberá como esse exercício já reduz o a atividade do sistema nervoso simpático (aquele responsável por reações de alarme) e como traz uma agradável sensação de relaxamento. Contudo, ainda não se trata de meditação.
Em minha opinião, aprender a respirar é o melhor primeiro passo para quem quer aprender a meditar. Nas formações que ministro, antes de ensinar técnicas de meditação propriamente ditas, costumo sempre treinar a respiração com os presentes, recomendando 10 minutos diários de treino.
by Roberto Cardoso
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Que delícia, estou ficando ” viciada” com suas publucações! Parabéns por entender os benefícios da meditação à um público não tão óbvio.
Angela Vêscovi
Angela, que bom que tenho podido ajudar. Em 2022, teremos o Curso da Unifesp (para profissionais da saúde). Também queremos lançar um curso inédito, online, que deve ficar muito legal
Vou me programar para o ano que vem. Seu livro foi um dos primeiros qye adquiri e até hoje o sigo. Grata.