Categoria: Artigo

Meditação e Psicoterapia. Um dueto possível?

Já conheci muitos mestres de meditação, e percebi que muitos deles falam contra a psicoterapia. Para alguns, parece que seriam caminhos incompatíveis. Mas, será mesmo uma verdade? Será que meditação e psicoterapia não combinam? Eu creio que podem combinar, sim, mas em determinado contexto. Neste escrito, quero conversar com você sobre isso.

O exercício meditativo é algo que, apesar de determinar um estado modificado de consciência característico, sempre inicia por produzir efeitos muito parecidos com outras técnicas que levam ao relaxamento. Há uma redução do tônus do sistema nervoso simpático (ligado às reações de alarme e ao stress), um aumento da capacidade de atenção, dentre outros efeitos que são típicos nos iniciantes.

No entanto, no decorrer das semanas, meses e – principalmente – dos anos, o caminho meditativo nos leva a conhecer aquilo que podemos chamar de “percepção extra mental”, ou “estado supra mental”, ou “espaço além lógica”, ou “consciência cósmica”, ou qualquer outro nome que já tenha sido usado para descrever o que sucede essa “autopercepção não sensorial sem a participação da lógica”. A partir daí, uma nova “janela“ se abre, quando conhecemos um aspecto da nossa essência que coexiste com tudo o que há, sem luta, mas também em um fluxo vivo, pleno.

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Concentração ou meditação? Dharana ou Dhyana?

Quando falo sobre meditação, e especialmente quando falo sobre nossa definição operacional, algumas vezes há quem afirme: “mas isso que você mostra é concentração, e não meditação; ou como dizem os iogues, isso é Dharana, e não Dhyana”.  Será?  Bem, sobre isso falaremos hoje.

É importante entender uma diferença básica entre os discursos: ao se falar sobre meditação, pode se falar nela como um estado ou como uma técnica.

Ao se considerar como um estado, esta será a última coisa que se poderá dizer sobre ela: “…meditação é um estado…”. Depois disso, na mais restará para ser dito, pois como se trata de um estado além da linha dos pensamentos, não há palavras que sejam capazes de descrevê-la. Embora isso pareça paradoxal ao se ouvir, poderíamos dizer que o estado meditativo busca consciência fora da cognição e, por isso, não há como se levar o iniciante até ele através de um caminho cognitivo. Em outras palavras: falar sobre o estado meditativo não leva ninguém ao estado meditativo.

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Excesso de Informação e Meditação

Informação, informação, informação! O que tem isso a ver com o stress? O que tem a ver com a meditação? Sobre isso, falaremos aqui.

Hoje, vivemos uma dicotomia. Estamos na era da informação. Só que ninguém mais dá conta de tanta informação!

Além da TV, do rádio e dos computadores “clássicos”, temos também os notebooks, netbooks, tablets, smartphones, enfim, uma série de recursos que também fazem parte do dia-a-dia profissional e nos abarrotam de dados, sejam bons ou ruins, necessários ou desnecessários.

Para que se tenha uma ideia, calcula-se que, de uma década para cá, a humanidade já consegue gerar, em apenas um ano, milhares de vezes mais informação do que todas as civilizações que já existiram sobre a Terra. Hoje, a humanidade é uma usina atômica para gerar novos dados.

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O impossível e o impensável

Na meditação, será que existe alguma diferença entre o impossível e o impensável? Sobre isto, falaremos hoje.

Para começar, precisamos entender para que serviu a mente humana durante as centenas de milhares de anos em que estamos aqui. Nosso antepassado humano já tinha uma mente privilegiada comparada as outras espécies. Ele podia recordar-se das experiências anteriores e antever eventuais oportunidades de repetição.

Vamos entender melhor. Se um humano fosse atacado por algum animal, à beira de algum lago enquanto estivesse bebendo água, ele iria reter esse evento na forma que conhecemos como “memória emocional”. Em qualquer outra espécie animal, essa memória emocional iria durar algumas semanas, ou meses, e se restringiria a estar em um mais intenso estado de alerta quando fosse beber água novamente naquele lago. Mas, no homem, essa memória emocional iria durar anos, talvez o resto da vida, e poderia se ampliar para outras situações onde ele estivesse bebendo água, e até se expandiria para qualquer outra situação onde pudesse estar distraído, seja comendo, seja dormindo, etc.

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A progressiva sutilização da âncora

Nos dias atuais, muito se fala que meditar precisa ser um estado, e não uma técnica; que deveria fluir com espontaneidade, e não com a “contração” que resulta de um esforço técnico. Outros defendem a importância da técnica bem ensinada e regularmente praticada. Como resolver essa aparente dificuldade? Hoje, buscaremos explicar.

Alguns falam da meditação como um estado, dentro do qual bastaria que você se permitisse relaxar, e a transcendência viria por continuidade. Outros preferem falar da meditação como uma técnica, que teria seus efeitos a partir de sua aplicação diligente, repetida e continuada. Vou lhe contar um segredo. Ambos estão certos!

Por um lado, o estado meditativo final é, de fato, um estado relaxado e entregue, sobre o qual não se pensa, com a plena integração entre praticante e estado, onde até a técnica já se torna algo dispensável. Por outro lado, a técnica é importante, para que nossa “mente-robô” seja ludibriada e não interfira em nosso processo meditativo. Dessa forma, vemos aqui duas versões de uma mesma verdade. Da mesma maneira que vemos meditadores tensos, “travados na técnica”, buscando com ardor o que só se encontra na entrega, também vemos meditadores “perdidos em um espaço sem técnica”, produzindo um estado mental que julgam “lindo”, “mágico” ou “espiritual” e com isso se enganando durante meses, ou anos. Pior de que não conseguir meditar é pensar que está meditando sem realmente estar.

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As armadilhas da mente na meditação

Sou pouco afeito a disseminar preceitos ancestrais sobre a meditação, mas hoje aqui abrirei uma exceção.  Vamos falar sobre as armadilhas da mente, que algumas correntes místicas orientais citam ao falar sobre o tema.

Quando se fala em “desligar a mente” durante a meditação, seria como falar em desligar um gigantesco computador, muito poderoso, que tem medo de ser desligado. Aí, então, esse computador começa a preparar armadilhas… Pois é; a mente é mais ou menos assim quando você medita. Meditar é estar em um foco, que lhe permita relaxar a lógica. Estar em um foco é permanecer conectado à sua âncora, seja ela qual for. Pode ser o movimento do abdome, poder ser a atenção na respiração, a pronúncia de um som específico; pode ser até apenas o espaço do agora, mas sempre haverá uma âncora quando se meditar.

Relaxar a lógica é não se envolver nas sequências de pensamentos que forem surgindo em sua mente. Como? Repetidamente “abandonando”, soltando”, “libertando” os pensamentos e voltando para a âncora.

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A despersonalização do meditador

A meditação traz ganhos, mas antes disso traz perdas. Perdem-se padrões cristalizados, cria-se um “vácuo”, e esse espaço é preenchido com novos – e melhores – conteúdos. Depois de certo tempo, sabe o que acontece? Tudo de novo! Perdem-se mais padrões, cria-se novo “vácuo”, e preenche-se esse “buraco” com novas substâncias… e por aí vai, num crescimento cíclico e por pulsos. No curso desse processo “circular”, geralmente depois de anos de meditação, podem surgir as vivências de despersonalização, e é sobre isso que conversaremos hoje.

De forma geral, e despersonalização é considerada como um problema mental, e está presente em alguns distúrbios psiquiátricos. Ela consiste em uma sensação de perda de identidade, de desidentificação com sua própria pessoa, de sentir que “você na verdade não é você mesmo”, com se sua pessoa fosse apenas uma personagem de uma peça de teatro, como se olhar no espelho não fosse mais olhar para você, mas para uma outra pessoa.

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