A meditação tem evoluído gradativamente, de um método restrito a correntes místico-filosóficas (predominantemente orientais), para um procedimento com amplas possibilidades em área de saúde. O mesmo vem acontecendo com diversos outros métodos complementares, como mostraremos no nosso texto deste mês.
Reproduzo, abaixo, um pequeno trecho da nossa tese de Doutorado, que relata:
“…Alimentado por fundos governamentais, um levantamento entre a população americana capitaneado por Barnes (2004) entrevistou, por amostragem, 31.044 indivíduos adultos, demonstrando que 62% desses indivíduos haviam utilizado, nos últimos 12 meses, algum procedimento dentre aqueles listados entre a Medicina Alternativa ou Complementar. Dentre esses, os mais usados foram: oração em benefício próprio (43,0%), oração em benefício de outrem (24,4%), produtos naturais (18,9%), técnicas de respiração (11,6%), meditação (7,6%), quiropraxia (7,5%), yoga (5,1%), técnicas de massagem (5,0%) e terapias dietéticas não-convencionais (3,5%). Veja-se que, se excluirmos as atividades de oração, a meditação ocuparia o terceiro lugar entre os procedimentos adotados. Um percentual de 75% dos entrevistados revelou já haver utilizado, pelo menos uma vez, algum método alternativo ou complementar. Já haviam praticado meditação, pelo menos uma vez, 10,2% dos entrevistados. Em geral, esses métodos foram utilizados com maior frequência por indivíduos de idade madura e por mulheres. Nota-se que procedimentos como meditação vem encontrando crescente procura entre a população e, portanto, podem estar dirimindo – ou não – diversas condições em saúde, assim requerendo maior atenção e estudo por parte da comunidade médica. Da mesma maneira, com tão expressiva procura por parte da população, tais métodos estariam movimentando volumosas somas em dinheiro que, se adequadamente direcionadas, podem gerar repercussões largamente favoráveis sobre a saúde de nossa clientela. Estes números não devem apenas gerar sérias reflexões, mas também apoiar estudos sobre esse campo, por tantos anos desprezado em suas possibilidades, e vilipendiado em seus recursos…”
“…Outro estudo, de Tracy et al., em 2005, entrevistou profissionais ligados à Associação Americana de Enfermagem de Cuidados Críticos (American Association of Critical-Care Nurses), anotando que 98,3% dos entrevistados já haviam utilizado algum tipo do que foi chamado de Terapia Alternativa ou Complementar. Dentre os vários métodos, a meditação já havia sido utilizada (na prática) por 39,5% dos profissionais, já havia sido recomendada por 42,0% deles e já havia sido requerida por 30,5% dos pacientes e/ou familiares. Já haviam buscado treinamento específico, em meditação, 68,2% desses profissionais, enquanto 63% já a haviam utilizado para fins pessoais. Entre os entrevistados, 85,4% consideraram a meditação como um método terapêutico legítimo e 99,2% classificaram seus possíveis efeitos como benéficos ou não-maléficos (“neutros”). Tais achados também nos pedem maior atenção a este método…”
“…Atualmente, o Centro Nacional de Medicina Alternativa e Complementar (NCCAM) americano (http://nccam.nih.gov), estudando procedimentos dentre os quais se inclui a meditação, vem despendendo contínuos esforços, no sentido de tornar claros os limites e benefícios desse rol de práticas em saúde. Através deste Centro, entre 2002 e 2005, foram investidos montantes que variaram entre 89 e 122 milhões de dólares anuais…”
Como vimos, precisamos despertar para as largas possibilidades da participação desses métodos complementares em saúde, aí incluídas as técnicas meditativas. Persistir em considerar a meditação como uma prática restrita ao ambiente místico-filosófico-religioso é uma postura que retrata bem mais do que simples teimosia. Parafraseando Eliphas Levi, tal postura representaria “preguiça intelectual” e “covardia científica”.
Este novo momento nos desafia. Já é hora de assimilar novos preceitos e criar novos caminhos.
Até nosso próximo encontro. Muita saúde!