
A progressiva sutilização da âncora
Nos dias atuais, muito se fala que meditar precisa ser um estado, e não uma técnica; que deveria fluir com espontaneidade, e não com a “contração” que resulta de um esforço técnico. Outros defendem a importância da técnica bem ensinada e regularmente praticada. Como resolver essa aparente dificuldade? Hoje, buscaremos explicar.
Alguns falam da meditação como um estado, dentro do qual bastaria que você se permitisse relaxar, e a transcendência viria por continuidade. Outros preferem falar da meditação como uma técnica, que teria seus efeitos a partir de sua aplicação diligente, repetida e continuada. Vou lhe contar um segredo. Ambos estão certos!
Por um lado, o estado meditativo final é, de fato, um estado relaxado e entregue, sobre o qual não se pensa, com a plena integração entre praticante e estado, onde até a técnica já se torna algo dispensável. Por outro lado, a técnica é importante, para que nossa “mente-robô” seja ludibriada e não interfira em nosso processo meditativo. Dessa forma, vemos aqui duas versões de uma mesma verdade. Da mesma maneira que vemos meditadores tensos, “travados na técnica”, buscando com ardor o que só se encontra na entrega, também vemos meditadores “perdidos em um espaço sem técnica”, produzindo um estado mental que julgam “lindo”, “mágico” ou “espiritual” e com isso se enganando durante meses, ou anos. Pior de que não conseguir meditar é pensar que está meditando sem realmente estar.